O céu muito escuro, coberto por nuvens de trovoada a ameaçarem chuva forte – que se concretizou dali a pouco – e um vento rijo soprando do mar para terra, não eram condições convidativas para que pessoas com algum juízo, e sem chapéu-de-chuva ou capa impermeável, fossem passear à beira-mar. Foi num dia destes que, indo ao longo de uma praia, aqui perto de onde moro, sem chapéu-de-chuva nem capa impermeável, o mais próximo que pude da arrebentação, tentando, pelo menos, não molhar os sapatos, fui observar as altas ondas, muito frequentes e ruidosas que ao arrebentarem, formavam lindos bordados de bilros com a sua espuma sobre a areia.,. Fui vendo o que a maré revolta de Outono trazia no seu seio e despejava na praia. Continuei assim, fugindo sempre que as ondas se chegavam mais acima, e fui saltitando, aproximando-me ou afastando-me. Ao fim de algum tempo, algo me chamou a atenção. Era uma forma pequena, tubular, afunilando para uma das pontas, de cor alaranjada, que ora se aproximava da areia, ora logo voltava para o mar. Era uma cenoura. Um pouco mais adiante vi uma ratazana morta…

A Cenoura e a Ratazana Morta
ISBN [Edição Impressa]: 9789897826085
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