Grande parte dos textos deste livro foi escrita durante a pandemia, na Primavera de 2020.
Se deixarmos o computador por algum tempo, e percorrermos a casa sem pressa, como se faz durante um confinamento, vamos deparando com objectos que ali se encontram há muito e que raramente despertavam a nossa atenção.
Um passado longo que foi deixado, por aqui e por ali, ao acaso das prateleiras, reclama a nossa antenção a partir das mais imprevistas associações. Podem ser os episódios vividos, mais sérios ou mais picarescos, as divagações ideológicas um tanto ou quanto teóricas; ideias desencadeadas por filmes e livros, e também confissões de coleccionador.
Assim surgiram dezenas de crónicas, meia dúzia de poemas, algumas peças de pura ficção, as mais das vezes sob a forma de parábolas, e muitos relatos de viagens.
A mistura das viagens, da música, da fotografia, da tecnologia digital e da militância sindical ou política pode parecer estranha; mas a verdade é que se entrelaçaram, irremediávelmente, nos quase oitenta anos de vida do autor.