Este livro parte de um espaço – a Carregueira – e de um tempo: os anos 60 do século passado. Muitos de nós éramos então crianças. Outros jovens. Alguns adultos.
Este é um livro que liga tempos, gerações e modos de vida. Cruzam-se por isso nas suas páginas as histórias sobre a apanha da azeitona com os nomes daqueles que partiram para Lisboa. Recordam-se vendas de tecidos em que a moeda de pagamento eram os ovos. Vamos do lavadouro às ruas cheias de gente do Brejo, sentamo-nos à mesa com os músicos da banda nos dias de festa, trincamos tremoços e corremos para apanhar “confeitos” no Sobreirinho.
Estão lá os nomes, os rostos, as casas, os objectos, os cheiros, os ruídos. Ouvem-se os teares a bater na Eira, a vozearia nas tabernas do Casal e até o estardalhaço provocado pelas passagem das “almas do outro mundo”.
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In Prefácio