Contos e escritos sem qualidade:
Sem qualidade perguntar-se-ão. Tão só escritos despretensiosos, sem preocupações de valor literário. Mas contos e poemas com alma, com coração e pulmões. Lendo-os respira-se encontro, pois contar e ouvir histórias é algo de íntimo partilhado, fuga do isolamento e solidão. Contar e ouvir histórias é algo de profundamente humano, as palavras traduzem o dizível e o indizível, pois cada leitor tem a sua própria vivência e interpretação.
Nesta altura em que a pandemia nos trouxe incerteza, receio, às vezes agressividade e revolta, isolamento e sensação de perda, terá porventura mais valor este livro que não é mais do que uma colectânea de palavras escritas partilhadas. Mais uma vez (o ano passado foi estreia) estes contos têm como linha condutora o programa de reabilitação cardíaca e respiratória do Hospital Pedro Hispano. Neste programa e de forma não institucional mas assumidamente terapêutica usa-se a arte como forma de expressão, cognitivamente desafiante, emocionalmente gratificante e motivadora da adesão e coesão a novos hábitos de vida que as doenças crónicas sempre acarretam. Escrevem doentes, profissionais de saúde e amigos.
Solicito mais uma vez ao leitor indulgência e proponho novamente que leia os contos como se estivesse tão só a ouvir um amigo a contar uma simples história.
Ainda um esclarecimento relevante: na capa optei pelo nome dos autores que mais contribuíram quantitativamente para o livro. Em termos de qualidade não me compete nem se pretende fazer juízos de valor.