Chegamos a Manatuto ainda cedo, são 7 e 30 da manhã. O mercado já está em pleno funcionamento, tinha de vir visitá-lo. É um grande e bonito mercado (ou feira), ao longo duma estrada, com muitas vendedoras de produtos agrícolas e uma zona com quinquilharias e roupas. (…) Não há balanças, como em todos os mercados, tudo se vende por prato ou montinho. Acho muito bem. Para quê complicar com balanças se assim funciona perfeitamente? Cada prato ou montinho tem o seu preço, geralmente um dólar, o que facilita as contas e os trocos.
Já que estou em Manatuto, não posso deixar de ir a pé até ao mar e ver o centro da povoação. Como nas outras cidades ou vilas timorenses, não existe um núcleo urbano, um “centro” compacto; as casas estão sempre dispersas e há árvores nos quintais e por todo o lado. Mas destaca-se aqui a igreja de Santo António, construída no século XIX, de medidas grandiosas. Lá dentro está a decorrer a missa, entro no vestíbulo mas fico pouco tempo.
Do lado de trás da igreja, as ruínas do que terá sido um grande edifício, fronteiro ao mar. Circulo por dentro e vejo que algumas partes de paredes e cantarias ainda estão enegrecidas. Imagino que terá sido incendiado em 1999 pelas milícias, a mando dos indonésios, nos dias a seguir ao referendo que determinou a independência; isso mesmo confirmo depois com um homem com quem me cruzo, colaborador da igreja.