As estatísticas europeias sobre a prática do desporto e da actividade física, colocam Portugal, desde sempre, nos últimos lugares em termos europeus. Todavia, nos anos mais recentes, a percentagem de praticantes em relação à totalidade da população tem estado a diminuir, demonstrando a ineficácia da estratégia seguida desde o início do novo século, com o objectivo de aumentar significativamente o seu número.
O desporto para todos é sistematicamente apresentado pelos responsáveis governativos e outros dirigentes, como o objectivo a alcançar pelos projectos de que são autores. Contudo, verifica-se que se trata, sobretudo, de utilizar um “slogan” cómodo, de fácil penetração e aceitação consensual, pois nunca foram criadas condições mínimas para o traduzir em termos concretos como uma prática colocada ao alcance das populações.
O desporto para todos, foi concebido no âmbito da UNESCO nas décadas de 60/70, como uma forma de resposta à necessidade expressa de forma cada vez mais intensa pela generalidade da população, em aceder a um conjunto de práticas motoras diversificadas. Essa exigência resultou de uma progressiva tomada de consciência da importância dessas actividades para o desenvolvimento integral da criança e do jovem, da manutenção da força de trabalho, da melhoria da qualidade de vida e do bem estar dos adultos, e da resistência ao envelhecimento dos mais idosos.
Tratava-se de uma nova forma de entender o desporto, que procurava criar condições de acesso para qualquer indivíduo, fosse qual fosse a sua situação de vida, de saúde, de trabalho e de integração social. Esta concepção rapidamente se expandiu à escala mundial, afirmando-se como uma importante forma de democratização da prática do desporto. Todavia, em Portugal, nunca chegou a concretizar-se de forma institucionalmente organizada, podendo dizer-se que “morreu à nascença”. Desta forma o processo de expansão do desporto nunca conseguiu concretizar-se de forma idêntica à da maioria dos outros países europeus.
Este ensaio procura demonstrar os erros cometidos e suas causas, formulando hipóteses explicativas de que procura extrair conclusões para a mudança que se impõe.
O debate fica em aberto.