A somar às polémicas sobre a reconstrução das casas ardidas paira sobre o território uma nuvem depressiva de desassossego e desesperança. A ampla mediatização da tragédia e a presença assídua das mais altas personalidades do Estado não apagou o ardor do sofrimento, da dor e das perdas, nem quebrou o ciclo de declínio e abandono sentido pelas populações. É o drama sobreposto ao drama, num cenário catastrófico de esvaziamento demográfico, que atira o leitor para um conjunto de reflexões críticas sobre a organização política e administrativa do nosso regime Democrático – e, mais aprofundadamente, sobre as omissões que concernem ao imperativo constitucional da efetiva criação das regiões.