“José Rodrigues tinha acabado de ver um belo filme de cowboys e índios. Lá dentro do cinema estava menos frio. E, nesse filme, os cenários onde se passava a acção, por representarem locais áridos, quentes e grandiosos, ajudavam a temperatura a ficar ainda mais confortável. Além disso, os tiros, as cavalgadas, a muita poeira, a gritaria de índios, o toque de clarim da cavalaria, e todo o frenesim da acção aqueciam ainda mais os espectadores…
De vez em quando, uma seta acertava num dos da cavalaria, que caía em grande plano, junto com o cavalo; outras vezes eram índios… Acabado o tiroteio, a cavalaria ganhava. Os poucos índios sobreviventes iam embora; o herói, o actor principal – que era denominado naquele tempo o rapaz – que comandava a cavalaria, dirigia-se a uma das carroças das caravanas que formavam em círculo e tinham sido atacadas pelos índios, onde o esperava a rapariga que era a actriz principal, cingia-a pela cintura abraçando-a fortemente, e dobrando-a para trás, pespegava-lhe um beijo, que em grande plano parecia que nunca mais acabava, e partia para o horizonte, junto com os militares que comandava, enquanto a menina lhe ia acenando num enorme adeus….