João Terêncio Santos
Depois de uma vida inteira marcada por intensa atividade empresarial e pela participação em inúmeros projetos – muitos dos quais jamais se concretizaram –, encontra-se hoje reformado, dedicando o tempo à escrita e à organização de textos antigos, salvos da erosão do tempo.
Começou a trabalhar cedo. Aos treze anos já atendia clientes atrás de um balcão, numa pequena vila onde o comércio era o principal motor económico. Mais tarde, ao mudar-se para uma cidade em crescimento, dividia os dias entre o trabalho e os estudos noturnos – e foi então que a sua vida começou a seguir caminhos inesperados.
Como militar, serviu a Pátria como Combatente do Ultramar, em várias zonas operacionais. Deu tudo – a juventude, a saúde física e mental – a uma causa que, embora envolta em apelos patrióticos, viria a revelar-se, para muitos da sua geração, confusa e dolorosa. Uma entrega cuja verdadeira dimensão só a história, com o necessário distanciamento, poderá talvez esclarecer – algo que os políticos de hoje raramente compreendem ou valorizam.
Foi na solidão do mato, ao som de pássaros desconhecidos, enfrentando savanas e matas perigosas, resistindo à fome, à sede e ao medo das emboscadas, que nasceu o impulso da escrita.
Nada o intimidou na vida. Nos anos 70, colaborou com diversas publicações, sendo colunista semanal da revista A Crónica Feminina e diretor-adjunto do jornal regional Campo de Ourique. Participou ainda em colóquios e dinamizou iniciativas culturais, como concursos inter-coletividades com o apoio do Correio da Manhã. Recebeu, então, o incentivo de Fernando Namora e os valiosos conselhos do amigo e vizinho Francisco Assis Pacheco, jornalista e poeta.
O evento mais marcante dessa época foi o “Contacto Oitenta”, que contou com a participação de várias figuras públicas, entre as quais Cândida Branca Flor.
Entre os anos 80 e o final de 2015, dedicou-
-se inteiramente às empresas que fundou e geriu. No final de 2015, após sofrer um AVC e, mais tarde, em 2022, ser-lhe diagnosticada uma doença oncológica com metastização, afastou-se da vida empresarial e regressou à escrita. Desde então, tem-se dedicado a refletir e a registar as experiências acumuladas ao longo do tempo – agora com o corpo mais frágil, mas com a mesma lucidez.
Atualmente, continua em tratamento.