Assinalou-se, ainda recentemente, o centenário do regicídio…No decurso destes cento e poucos anos, o regicídio e os regicidas têm sido tratados de forma extremada. Para uns, o atentado e a glorificação dos seus autores, foram perfeitamente justificados pela situação que então se vivia em Portugal, cujas causas imputavam ao regime monárquico e personificavam nas controversas figuras de João Franco e do rei D Carlos I; para outros, tratou-se fundamentalmente de um brutal assassínio que envergonhou o país, cobrindo para sempre de ignomínia quem o fomentou, planeou e praticou. Foi esta última posição que vingou maioritariamente nas obras publicadas, aquando do seu centenário.
…também a figura do rei, central em toda esta conjuntura, carece de reposição na realidade, moderando-se o excessivo enaltecimento de que ultimamente tem sido alvo que hipervaloriza as suas qualidades, escondendo-lhe os defeitos que, humanamente, também possuía.
Para a maioria dos seus biógrafos, D Carlos I foi um esclarecido político e diplomata, um cientista emérito, um artista de elevada sensibilidade, um ás no desporto e um exemplar chefe de família. Em suma: um modelo de Homem e um exemplo de Chefe de Estado…
Nesta perspectiva, terá sido o precursor do Super-Homem que assassinaram no Terreiro do Paço…
(in Preâmbulo)