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Tudo em mim é mar e é tempestade e caminho pantanoso. Esta é a minha resignação até que os dias se esvaziem da sua memória e tu segues-me sem que o saibas, sem que o compreendas ainda.
O que significa a razão das causas e qual o seu hálito se sangue ou de lágrimas.
Pergunto se é esta a sua razão, sim sim, não não.
Pergunto-me de novo.
Andarás nu e sentirás vergonha como se o corpo fosse uma enorme voragem. Um dia falei-te da fome e o teu encolher de ombros desvairou de insolência como se o terror fossem os teus dias antigos e novos.
É costume falar-te da terra e das trevas e sentes arrepios e temes o sono dos fantasmas inventados.
Dizes, sim sim, não não. E a tua voz em sobressaltos de emoção parece alheia como se fugisses de todas as culpas. Sim sim, não não. E por dentro de ti apenas ausência e um sabor amargo a solidão e degraus muito brandos.
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