“Pensar é mau, pensar muito é muito mau!”
Este é provavelmente o maior equívoco no ténis.
A intenção até é boa, pois normalmente o pretendido é que o tenista “não encha a cabeça”… Mas a questão é contra-intuitiva.
Pensemos no caso do condutor de um automóvel que chega a casa depois do trabalho e lembra-se que tinha ficado de passar no supermercado.
Este condutor conduziu “sem pensar”, pelo que, provavelmente conduziu em “flow”. O problema é que para chegar a esse “estado”, foi preciso pensar. Na primeira aula de condução teve: 3 pedais para 2 pés, de manter o automóvel na sua faixa de rodagem e longe do automóvel da frente, de utilizar as mudanças em função das rotações do motor para não o deixar “ir abaixo”, de utilizar os piscas e os espelhos, etc. Tudo isto é de uma enorme complexidade. Mas à medida que pensa-executa-recebe feedback, repete e repete, vai mecanizando até não precisar de pensar – até se tornar num hábito.
No ténis a complexidade é parecida. Temos a técnica, a tática, a condição física, a geometria do court, o plano de jogo, os efeitos, o sol e o vento, a probabilidade, a estatística, etc. É preciso pensar-executar-receber feedback, repetir e repetir até mecanizar – até se tornar hábito.
Aí sim, pode deixar de pensar, pode jogar em “flow”, pode até rir-se dos seus próprios erros…