(…)
O relatório da polícia descrevia minuciosamente a forma como o suspeito, munido de instrumento adequado, provavelmente uma chave de fendas mas que não foi encontrada no local, tinha estroncado a porta da viatura de matrícula tal e marca tal propriedade registada de sicrano, e se tinha introduzido no seu interior onde, com violência, tinha arrancado o rádio leitor de cassetes do local onde se encontrava encastrado com o intuito de o fazer seu. Por motivos desconhecidos, aparentava-se que o suspeito tinha tido um colapso e falecido subitamente no local. No relatório da autópsia descrevia-se sumariamente o corpo e estatuía-se que, da análise dos seus fluidos orgânicos concluiu-se pela forte presença de opiáceos, nomeadamente heroína e barbitúricos, bem como de elevada quantidade de álcool no sangue. A causa da morte deveu-se a paragem cardíaca por consumo excessivo de substâncias estupefacientes. A papelada terminava com douto despacho que afirmava que não havia suspeita de crime pelo que os autos deviam ser arquivados.
O Timóteo foi enterrado na vala comum do cemitério de ramalde, a vala dos pobres, desvalidos e solitários.
(…)